sábado, 2 de agosto de 2008

Bolsa Família paga R$ 67 mi a mais no mês de julho



Aumento decorre de reajuste do benefício: 8% em média

Até junho, o programa custava R$ 865,8 milhões por mês

Com a recomposição, o Tesouro gastará R$ 932,9 milhões

Nordeste levou a maior fatia do reajuste: R$ 35,3 milhões

Orlandeli
Em julho, o Bolsa Família chegou mais gordo às casas das 11 milhões de famílias cadastradas no programa.



Os benefícios foram vitaminados com um reajuste médio de 8%. Coisa decidida por Lula no mês anterior.



Graças a esse aumento, a folha mensal de pagamentos do maior programa social da era Lula deu um salto.



Foi de R$ 865,8 milhões para R$ 932,9 milhões por mês. Um acréscimo de R$ 67,1 milhões.





O dinheiro extra começou a chegar aos lares mais pobres do Brasil a três meses da eleição municipal.



Em 25 de junho, quando o reajuste fora anunciado, o governo informara que teria despesa adicional de R$ 419 milhões por ano. Lorota.



Multiplicando-se por doze os R$ 67,1 milhões pagos em julho, chega-se à cifra de R$ 805,2 milhões. É quanto o Tesouro desembolsará a mais anualmente.



Mais da metade da verba consumida com a elevação do benefício foi para o Nordeste: R$ R$ 35,3 milhões.



Algo explicável: é nos Estados nordestinos que moram mais de 50% dos clientes do Bolsa Família. Há aqui um quadro com os valores repassados a cada uma das unidades da federação.



Esse foi o segundo reajuste dos benefícios desde 2003, ano em que Lula assumiu e reuniu sob um mesmo guarda-chuva programas sociais antes dispersos.



O aumento anterior ocorrera em agosto do ano passado: 18,25%, variação do INPC, o índice oficial de inflação, de maio de 2003 a maio de 2007.



O novo aumento visa repor a inflação de maio do ano passado a maio de 2008. Na ponta do lápis, o INPC desse período foi de 6,9%, não de 8%.



O maior benefício pago pelo governo foi de R$ 172 para R$ 182. O menor passou de R$ 18 para R$ 20.



A oposição torce o nariz. Enxerga no gesto de Lula uma manobra para encher as urnas dos candidatos governistas, não a geladeira dos pobres.



O governo dá de ombros. Alternativa presidencial do PT, o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), mandachuva do Bolsa Família, afirma:



“O reajuste responde a uma situação concreta. Houve aumento nos preços dos alimentos...”



“...É fundamental manter o poder de compra das famílias pobres, avançando no combate à miséria e às desigualdades sociais.”



Antevendo a chiadeira dos adversários, Lula cercou-se de precauções antes de autorizar o aumento.



Encomendou parecer jurídico à Advocacia Geral da União. O documento anota que o tônico injetado no Bolsa Família não fere a legislação eleitoral.



A lei que rege as eleições autoriza a concessão de benefícios financeiros em período eleitoral desde que...



...Desde que se trate de programas sociais autorizado em lei e com execução financeira anterior ao exercício em que ocorrem as eleições.



Seria esse o caso do Bolsa Família, um programa que vem sendo executado desde 2003.



Em junho, quando a notícia sobre o reajuste foi pendurada nas manchetes, o presidente do TSE, Carlos Ayres Britto, fora instado a comentar o tema.



Admitiu que a novidade poderia ser questionada pela oposição na Justiça Eleitoral: “Essa é uma questão sensível...”



“...Temos um encontro marcado com esse fio de navalha. Eu prefiro aguardar uma possível representação no TSE para me pronunciar. Não vou me antecipar."

Por ora, não há vestígio de contestação judicial ao reajuste. Parece improvável que venha a ser protocolado.



Um partido que se aventurasse a fazê-lo compraria briga não com Lula, mas com os milhares de eleitores inscritos no Bolsa Família. Seria um haraquiri eleitoral.



PS.: Ilustração via blog do Orlandeli.

Escrito por Josias de Souza às 01h54

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial