Dilma rebate Aécio e diz que Bolsa Família não é feito 'na canetada'
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
Na frente de governadores tucanos, a presidente Dilma Rousseff rebateu nesta quarta-feira (6) crítica feita pelo senador Aécio Neves, principal nome do PSDB para a eleição de 2014, que disse que o governo federal tirou pessoas da miséria "por decreto".
"Todo mundo acha que o Bolsa Família a gente faz na canetada. O Bolsa Família precisou de arte e de engenho, precisou de vontade política. Isso não é milagre, não é malabarismo", disse Dilma, sem citar o nome de Aécio.
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As declarações da presidente foram feitas num encontro com governadores e prefeitos no Palácio do Planalto. Estavam presentes os tucanos Geraldo Alckmin, de São Paulo, Antonio Augusto Anastasia, de Minas Gerais, e Marconi Perillo, de Goiás.
"Nós colocamos hoje todos os 36 milhões de brasileiros do cadastro do Bolsa Família acima da linha da miséria. Agora, eu quero também aproveitar e pedir para vocês ajudarem a achar aquilo que é invisível. Porque tem aquela pobreza extrema que está oculta, não se vê. Temos de cadastrá-la e fazer desse processo uma espécie de batalha nacional", disse Dilma aos presentes, repetindo o apelo feito nesta terça a trabalhadores rurais.
A presidente convocou governadores e prefeitos de cidades acima de 250 mil habitantes para anunciar projetos de saneamento, pavimentação e mobilidade que vão receber R$ 33 bilhões do governo federal --recursos previstos desde 2010. Uma nova leva de projetos será selecionada ainda este ano para receberem mais R$ 31 bilhões.
Ueslei Marcelino/Reuters
Presidente Dilma Rousseff discursa em encontro com governadores e prefeitos no Palácio do Planalto
No fim de janeiro deste ano, diante de milhares de prefeitos, Dilma já havia anunciado um pacote de bondades de R$ 66,8 bilhões para investimentos em diferentes áreas. A verba, que consta no PAC 2 ((Programa de Aceleração do Crescimento), já estava prevista desde 2010.
Nesta terça-feira, Dilma disse que ações de saneamento, pavimentação e mobilidade não são de responsabilidade do governo federal, mas o governo está disposto a firmar parcerias.
MALABARISMO
Dilma faz o encontro com governadores e prefeitos num momento em que está sendo criticada pelo PSDB, que se diz pronto para o embate, e até por aliados prestes a se posicionarem como alternativa ao governo em 2014. Diante da visível antecipação da disputa eleitoral, a presidente tem tentado se aproximar de empresários, movimentos sociais e sindicais e, agora, de políticos.
Os tucanos já se preparam para disputar o Palácio com Dilma. Aécio admitiu nesta semana a possibilidade de sua candidatura ao Planalto e disse estar "pronto para o confronto" com o PT.
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), potencial candidato à presidência em 2014, também veio ouvir o anúncio de Dilma. Saiu, contudo, sem dar entrevistas.
Campos já passou a contar com os serviços do marqueteiro Duda Mendonça, absolvido no julgamento do mensalão. Apesar de se declarar aliado de Dilma, Campos tem se posicionado contra o governo em questões pontuais e atraindo, assim, neoaliados como a Força Sindical.
Em sintonia com o presidente da central sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), Campos passou a defender mudanças na Medida Provisória dos Portos, uma das principais propostas da presidente no setor de infraestrutura e que depende de aprovação no Congresso.
REELEIÇÃO
Depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou Dilma à reeleição em 2014, a presidente tem incorporado cada dia mais o papel de candidata. Tem feito discursos mais longos e falado mais de improviso ao invés de ler como de costume. Recados e respostas à oposição estão ocupando mais espaço em suas falas.
Nesta terça (5), durante encontro de trabalhadores rurais, Dilma falou por mais de uma hora, fez promessas, tirou fotos e distribuiu beijos e abraços. Prometeu acelerar a reforma agrária, garantiu crédito e anunciou que o governo vai lançar um programa para ajudar os trabalhadores que perderam suas galinhas e as sementes a recuperar a criação e plantação. Em troca, ganhou aplausos e gritos de "1,2,3, Dilma outra vez".
De olho em 2014, Dilma tem intensificado também o diálogo com outros movimentos sociais e com as centrais sindicais. Ela quer ser vista como uma líder mais popular e menos "tecnocrata".
No fim da tarde, por exemplo, vai receber pessoalmente das mãos das centrais sindicais uma pauta de reivindicações dos trabalhadores sindicalizados. Nas agendas oficiais, tem aberto espaço para os sindicalistas. Já recebeu dirigentes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da UGT (União Geral dos Trabalhadores).
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