sexta-feira, 27 de junho de 2008

Mais de 80% dos beneficiários do Bolsa Família usam o dinheiro com comida, conclui estudo

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil


Brasília - Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Análise Social e Econômicas (Ibase), no ano passado, demonstrou que 87% dos beneficiários do programa Bolsa Família gastam o dinheiro do benefício, principalmente, com alimentação.

Ao entrarem no programa, os beneficiários aumentaram tanto a quantidade, como a variedade dos alimentos consumidos. Dos pesquisados, 73,7% afirmaram ter aumentado a quantidade de alimentos que já tinham o hábito de consumir e 69,8% aumentaram a variedade.

A pesquisa ouviu cinco mil titulares do cartão Bolsa Família em 229 municípios, nas cinco regiões. O levantamento foi feito nos meses de setembro a outubro, antes da alta da inflação verificada nos últimos meses, puxada principalmente pelo preço dos alimentos.

Dos entrevistados, 78% declararam que passaram a consumir mais açúcar após o início do recebimento do benefício. Em relação a arroz e cereais, 76% disseram ter passado a consumir mais desses produtos e 69% declararam ter aumentado o consumo de leite.

Também houve aumento do consumo de feijão. Dos entrevistados, 59% afirmaram ter aumentado a quantidade do produto em suas compras.

As modificações na alimentação das famílias contrariam a tendência nacional no que se refere ao consumo de cereais. No Brasil, o consumo de arroz e de feijão (considerados a base da alimentação) decai há anos, de acordo com o Ibase, embora isso não ocorra entre as famílias de baixa renda. O levantamento apontou que o consumo de arrroz e feijão aumentou, nessa faixa.

Outro dado levantado pelo pesquisa é que 63% dos entrevistados declararam ter aumentado a compra de alimentos da preferência das crianças da família.

Já para famílias que já tinham a alimentação básica suprida, o levantamento aponta que o Bolsa Família possibilitou o aumento na aquisição de alimentos considerados complementares, como frutas (55%), verduras e legumes (40%), alimentos industrializados e outros considerados supérfluos (62%), além da carne (61%), alimento considerado de difícil acesso.

Em segundo lugar no carrinho de compras do Bolsa Família vieram os gastos com material escolar (45,6%) e despesas com vestuário (37,1%).

Para o diretor do Ibase, a pesquisa aponta que o programa trouxe benefícios, mas precisa ser aperfeiçoado. "É necessário manter e aperfeiçoar o programa, associando-o a outras políticas públicas capazes de atacar problemas como a falta de saneamento básico e de acesso ao mercado formal de trabalho, fatores que interferem na insegurança alimentar", avaliou o diretor do Ibase e coordenador do trabalho Francisco Menezes.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Paulo Bernardo diz que reajuste do Bolsa Família ameniza impacto da inflação sobre mais pobres




Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Brasília - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, durante entrevista em que anunciou corte adicional de R$ 8,2 bilhões no orçamento
Brasília - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, durante entrevista em que anunciou corte adicional de R$ 8,2 bilhões no orçamento
Brasília - O reajuste no Bolsa Família teve como objetivo atenuar o impacto da inflação sobre a parcela mais pobre da população, disse hoje (25) o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Ele negou que o aumento médio de 7% no valor dos benefícios, a partir do próximo mês, signifique que as despesas dos programas sociais tenham sido indexadas.

“A decisão foi tomada pelo presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] para preservar os mais pobres, que são as maiores vítimas da inflação”, explicou o ministro, ao anunciar o contingenciamento adicional de R$ 8,2 bilhões no orçamento da União deste ano.

O aumento no Bolsa Família está acima da inflação oficial. Nos 12 meses terminados em maio, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 5,58%. No entanto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para as famílias mais pobres, que recebem até oito salários mínimos, está em 6,64% no mesmo período.

Segundo Paulo Bernardo, o impacto do aumento do Bolsa Família será de R$ 350 milhões até o final do ano. Ele explicou que o índice de reajuste foi de 7%, mas, em alguns casos, o aumento foi um pouco maior por causa de arredondamentos nos novos valores.

Com o corte extra, o total de verbas bloqueadas no orçamento deste ano subiu para R$ 23,05 bilhões. Em abril, o governo havia contingenciado R$ 19,4 bilhões do orçamento. Um mês mais tarde, no entanto, R$ 4,55 bilhões foram desbloqueados, dos quais R$ 2,8 bilhões foram liberados para a Presidência da República e 13 ministérios e o restante foi destinado às reservas da União.

O contingenciamento adicional poderia chegar aos R$ 14,2 bilhões, necessários para aumentar a meta de superávit primário de 3,8% para 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB). O superávit primário é a economia de recursos para o pagamento dos juros da dívida pública.

Com a reestimativa de aumento de receitas de R$ 6,6 bilhões, o corte foi reduzido para R$ 7,6 bilhões, porém mais R$ 600 milhões tiveram de ser bloqueados, para compensar o reajuste no Bolsa Família, e o gasto com outras despesas consideradas prioritárias pelo presidente Lula. Isso fez o contingenciamento ser elevado para R$ 8,2 bilhões.